Derfel o Poderoso
Quando olho para o meu passado não posso deixar de sentir orgulho no que fui um dia! Filho de uma escrava, conquistada numa batalha, escapei de um "poço da morte" em bebé e fui criado pelo maior sacerdote de sempre, como protegido dos Deuses.
Hoje quem olhasse para mim não veria mais do que um velho maneta cheio de rugas e de frio. Não acreditaria que fui mais, muito mais do que sou hoje. Fui um grande guerreiro, um dos melhores do meu tempo. Fui Paladino real. Nunca perdi um duelo e participei em inúmeras batalhas, nas quais quebrei inúmeras muralhas de escudos. Fui de tal valor que meu nome foi temido pelos meus inimigos.
Inimigos esses a cujo povo a minha mãe pertenceu, e ao qual deveria eu também pertencer, mas apesar de ser saxão de nascença, fui criado pelos bretões e serei sempre bretão.Longe estava eu de saber que a minha mãe tinha sido amante do maior Rei saxão e por conseguinte eu seria príncipe desse reino, Haengland. Não interessava. Mesmo quando o soube a minha lealdade ao meu senhor e amigo não vacilou.
A minha vida foi feliz. Não posso dizer que não. Amei e fui amado. Tive filhas lindas. Mesmo sendo filho de uma escrava desposei a minha amada, nada menos que a princesa de um dos Reinos bretões e poderia também ser Rei caso a minha lealdade ao meu senhor não me obrigasse a servi-lo. Confesso que senti pena de não o ser, mas para quê? Ser Rei de um Reino pobre e feio... é preferível ser Paladino do Grande Rei Supremo, ainda que este não queira assumir o trono por ser bastardo. Para mim será sempre o último grande Rei bretão. O único que poderia ter expulsado de vez os Saxões da ilha sagrada.
Numa última batalha à beira-mar acompanhei o meu senhor e a minha família ao barco que os levou de uma batalha perdida enquanto fiquei... e sobrevivi!
Mas agora já estou velho... Perdi a conta às primaveras que vivi. Vivo num mosteiro de Gwent, longe de todos quantos viveram no meu tempo e que já deverão ter morrido há muito, excepto um Santo bispo, que em tempos me temeu, mas ao qual devo agora obediência por força de um velho juramento, e que me humilha a cada oportunidade como vingança do meu desdém antigo. Obrigado a fingir devoção a uma religião que não é a minha, os instintos levam-me a recuperar hábitos pagãos numa época em que os inimigos estão de novo em força prestes a chegar a um mosteiro onde não há quem nos proteja.
Mas ainda bem! Quando todos fugirem eu pegarei na minha velha espada, beijarei o velho pingente oferecido pela minha amada na primeira vez que a vi, e irei para a entrada do mosteiro esperar pela morte, e quando eles vierem, que Mitra me ajude a ter forças para erguer mais uma vez a espada que tantos saxões matou e levar para o outro mundo mais uns quantos escravos para me servir no banquete onde me juntarei aos meus, comendo e bebendo, após passar a ponte das espadas!
Pois eu sou Derfel ap Aelle, príncipe saxão... ou para os Bretões Derfel Cadarn, "o poderoso"!
Hoje quem olhasse para mim não veria mais do que um velho maneta cheio de rugas e de frio. Não acreditaria que fui mais, muito mais do que sou hoje. Fui um grande guerreiro, um dos melhores do meu tempo. Fui Paladino real. Nunca perdi um duelo e participei em inúmeras batalhas, nas quais quebrei inúmeras muralhas de escudos. Fui de tal valor que meu nome foi temido pelos meus inimigos.
Inimigos esses a cujo povo a minha mãe pertenceu, e ao qual deveria eu também pertencer, mas apesar de ser saxão de nascença, fui criado pelos bretões e serei sempre bretão.Longe estava eu de saber que a minha mãe tinha sido amante do maior Rei saxão e por conseguinte eu seria príncipe desse reino, Haengland. Não interessava. Mesmo quando o soube a minha lealdade ao meu senhor e amigo não vacilou.
A minha vida foi feliz. Não posso dizer que não. Amei e fui amado. Tive filhas lindas. Mesmo sendo filho de uma escrava desposei a minha amada, nada menos que a princesa de um dos Reinos bretões e poderia também ser Rei caso a minha lealdade ao meu senhor não me obrigasse a servi-lo. Confesso que senti pena de não o ser, mas para quê? Ser Rei de um Reino pobre e feio... é preferível ser Paladino do Grande Rei Supremo, ainda que este não queira assumir o trono por ser bastardo. Para mim será sempre o último grande Rei bretão. O único que poderia ter expulsado de vez os Saxões da ilha sagrada.
Numa última batalha à beira-mar acompanhei o meu senhor e a minha família ao barco que os levou de uma batalha perdida enquanto fiquei... e sobrevivi!
Mas agora já estou velho... Perdi a conta às primaveras que vivi. Vivo num mosteiro de Gwent, longe de todos quantos viveram no meu tempo e que já deverão ter morrido há muito, excepto um Santo bispo, que em tempos me temeu, mas ao qual devo agora obediência por força de um velho juramento, e que me humilha a cada oportunidade como vingança do meu desdém antigo. Obrigado a fingir devoção a uma religião que não é a minha, os instintos levam-me a recuperar hábitos pagãos numa época em que os inimigos estão de novo em força prestes a chegar a um mosteiro onde não há quem nos proteja.
Mas ainda bem! Quando todos fugirem eu pegarei na minha velha espada, beijarei o velho pingente oferecido pela minha amada na primeira vez que a vi, e irei para a entrada do mosteiro esperar pela morte, e quando eles vierem, que Mitra me ajude a ter forças para erguer mais uma vez a espada que tantos saxões matou e levar para o outro mundo mais uns quantos escravos para me servir no banquete onde me juntarei aos meus, comendo e bebendo, após passar a ponte das espadas!
Pois eu sou Derfel ap Aelle, príncipe saxão... ou para os Bretões Derfel Cadarn, "o poderoso"!
6 Comments:
Este texto tem como base a personagem Derfel Cadarn da melhor trilogia que li.
Trata-se das "Crónicas Do Senhor da Guerra" de Bernard Cornwell e é uma série histórica baseda na lenda do Rei Artur cruzando-a com as poucas evidências existentes, dando-lhe um aspecto muito mais real do que as lendas arturianas mais conhecidas.
Para quem estiver interessado é constituida Por três livros todos da Planeta Editora:
"O Rei do Inverno"
"O Inimigo de Deus"
e "Excalibur"
Leiam que vale a pena
Duas palavras: muito bom!
Com que então Paladino?!
Eheheh... Onde é que eu ouvi falar disso?! ;)
Dark kiss***
Obrigado. O texto é meu mas a história é toda dos livros. Lê que vale a pena
Dark kisses***
ACHAS QUE,
DESTE MODO,
VOU CONSEGUIR
FAZER AS PAZES
COM O COELHINHO ?
D. MARIA
Não sei,mas sinceramente não estou muito interessado...as relações zoolóficas nunca foram o meu forte...
Obrigado por Blog intiresny
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