quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Lugares Vagos

Sinto uma ânsia em ser novamente criança,

De ter ainda à minha volta

Todos aqueles que trago na lembrança.

Os mesmos que se sentavam em roda de mesas fartas e sorriam,

Imortalizados em fotografias gastas pelo tempo!

 

Das memórias, vão sobrando as mesas cada vez mais vagas…

Aos poucos desaparecem as personagens retratadas

E eu vou assumindo um papel cada vez mais principal

Numa história que antes não era minha!

 

Novos actores vão entrando no circo da vida

Para tomar o lugar que deixei vago,

Vão aprender a rir, a cantar, a chorar…

Nada mais somos que um perpetuar de emoções!

Nascemos, crescemos, vivemos, morremos…

A vida continua.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

The Lion and the Crow





















I am the walking Lion
I am the flying Crow
I am the one who flies in circles
Watching down the prey
I am the one who walks lazily through the trees
To in the shadows get his rest

I am the Lion who runs not from the fight
And in his fury destroys his enemies
I am the Crow that survives the battle
And in the end feeds in the deads' flesh
I am  the Leader of the hard times
And the nonconformist of the followers

I am the proud and the elusive
The strong and the agile
The power and the speed
The ruler and the liberator
The justice and the revenge
The honor and the simplicity

I am the strength and the intelligence 

sábado, 21 de julho de 2012

Este Mundo Pertence aos Falsos

Este Mundo pertence aos Falsos,
Camaleões Hipócritas que vivem em função do vento!
Este Mundo não respeita a Integridade e Coerência,
A Honestidade Verdadeira de quem diz o que pensa.
Não respeita quem ousa dizer o que todos veêm!

Quem vive ao sabor do que convém
Vai sabendo viver às custas de quem ouve o que lhe agrada.
Já quem ousa pôr o dedo na ferida
E dizer: "O rei vai Nu!"
É injustamente perseguido por ser problemático!

Depois de atacados os problemáticos,
Vão-se afastando os que de olhos abertos
Se sentem incomodados com a nudez real e sua causa.
Vão ficando as Hienas que, contentes e oportunas,
Aproveitam a desgraça alheia para roer a carne até aos ossos.

E quando o rei despertar para a realidade que sempre soube ser real,
Não verá o alfaiate que lhe vendeu caro uma mão cheia de nada,
Não verá as Hienas que já não têm o que comer,
Não verá os que incomodados com espaçosos alfaiates viram costas ao desfile,
E na sua solidão verá tarde a injustiça que cometeu...

Prefiro viver injustiçado a viver injusto!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Transoceânico

Hoje não sou mais que uma centelha
Do que resplandeci no Passado.
Não guardo mais que a lembrança
De um dia ter sonhado.

Deixo-me cair em depressão.
Não mando nem em mim...
Sou agora refém das escolhas
Que, iludido, fui fazendo!

Deixo-me ficar, agonizando sem esperança.
Passado guardado num gaveta, bem fundo!
E costas voltadas para o mar
Do qual outrora conquistei o Mundo!

Continuo esperando reencontrar em Terra
A Alma que me foge das mãos.
Esqueço-me que minha identidade é Portugal
Mas minha essência está além dos oceanos!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Destino: Rossio

Caí a chuva,

Bate o vento.

A cor do dia revela-se

Numa tristeza de gelar a Alma.

Como mil vezes antes,

Desce a escada quase corcunda,

Curvado pelo peso da alvorada.

Pouco é como sonhava…

Perdido no caminho que há-se seguir!

Entra na carruagem, pensativo.

Enfrenta o que lhe traz a viagem.

A melancolia que lhe pesa o peito

Quase rebenta no mar de gente.

Ele observa demoradamente ao seu redor…

O cinzento nos vidros…

O colorido de mil povos num só espaço…

Sente o ar frio de um ar condicionado desajustado.

Nada é tão mau como parece!

Sai do túnel, chega ao destino.

Desce para um mundo marcante!

Enfrenta as Praças de Reis e Heróis…

As ruas de tempos idos,

Pintadas num mapa a régua e esquadro.

O peso dilui-se na grandeza de um sítio!

Ele pensa em quem o rodeia,

Sorri…

É feliz!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Pudesse Viver Sendo

Pudesse eu matar a dor que dentro do meu peito sinto
Pudesse eu mudar a vida que dia-a-dia sigo carregando
Pudesse eu fechar os olhos e acordar num mundo à parte
Pudesse eu viver em sonhos sem tocar a realidade
Viveria longe do que tenho hoje por vida
Viveria sem lembrar o que me ocupa o pensamento
Viveria com a força que me falta no corpo
Viveria com a alegria que insisto em esquecer
Seria tudo o que na infância sonhei ser
Seria alguém rodeado por todos os que amo sem excepção
Seria tudo o que gostassem que eu fosse mais o que gostava de ser
Seria alguém num mundo de paz e em paz com o mundo


Poema escrito a 07/07/2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ânsia de Voar

Sou um Pirata perdido
Com o mar por horizonte
Numa noite sem estrelas.
Um Cavaleiro sem rumo
Num deserto sem sentidos.
Anseio pela libertação da vida,
Pela transição da etapa
Onde me descubro estagnado.
A melancolia encerra-me a Alma
Num corpo pequeno demais...
Novo demais para a conter...
E ela definha nesta ânsia de voar.
Gente Estranha em tronos de papel
Controlam-nos a vida
Em rebanhos obedientes
Que os seguem sem questionar.
Pensando, vejo outros caminhos
Que anseio em percorrer!
Mas do seu trono me esmagam.
Os caminhos são bloqueados.
As ovelhas negras ficam perdidas
Num eterno deserto
Onde anseiam pela mudança
Onde anseiam pelo golpe que destrone
Os Pastores e as leve ao Império do Espírito.
Assim estou eu eternamente melancólico.
Esperando o que tarda em vir.
Encontrando caminhos fechados.
Pressionado pelo mundo.
Incompreendido por Gente Estranha,
Gente Estranha que não compreendo.
Ansiando pela mudança
Que me traga um novo mundo.
Um Império do Espírito
Onde as Almas dos Homens
Sejam livres para voar!

Previamente publicado em O Bar de Ossian

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Mar

Sinto falta do Mar!
Nasci à sua beira
Sem me dar conta
Que me perco sem ele…

O Tejo não me basta…
Um rio abranda o Mar,
Atenua a força das suas ondas
E abafa o seu rugido!

Não! Sinto falta de o contemplar!
De sentir a sua força
Ao contornar o meu corpo,
Como se lavasse as minhas mágoas.

De sentir as suas vagas
Invadirem a minha alma de tranquilidade!
De ter o Mar como mundo por momentos…
Sou Português… Nada sou sem o Mar!
Previamente publicado em O Bar Do Ossian

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sonhando Acordado

Em cada sopro do meu ser senciente
O meu corpo é um todo,
Um todo que te sente!
Em toda a minha proprioceptividade
Estremeço de te lembrar!
O teu cheiro, o teu toque, o teu calor...
Que eu sinto reais como a realidade!
E assim, com toda a minha imagética,
Vou sonhando acordado,
E a motricidade que em mim se traduz
Se torna uma só... contigo!
Juntos em cada sentido consciente ou inconsciente,
Vamos atenuando o meu desespero
Nesta terra de solidão...

Numa Luta Incessante

As escolhas que fazemos num momento
E as escolhas que por nós fazem,
Moldam-nos para sempre como somos...
Marcam-nos a vida a Ferro e Fogo!
Aqueles que deixamos para trás!
Aqueles que nos deixam de vez!
Marcam na memória a sua presença
E dia-a-dia nos impedem o sono!
Nada voltará jamais a ser igual.
As consequências estão presentes a cada instante
E aumentam as saudades de ter o futuro por vir!
A luta continua sem ter forças que me sustentem...


Escrito a 15/11/2009 - 03h:54m

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Estou Cansado da Vida

Estou cansado da vida...
Conheci-a através da morte
E estudei-a nos rios da dor!
E cansei-me de a contemplar...
Estou cansado de não me poder cansar
E cansado de ser incansável!
A alma dói-me de exaustão
De um mundo que não entendo,
Que não quero... que odeio!
Estou cansado de lutar contra a maré
E perceber que não saio do lugar.
Lutar e perceber que nada tenho.
Que nada muda.
E ver que quando a infantil inocência passa,
O cansaço de um mundo podre
Se instala com a certeza
De que a vida só à morte leva!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Acordo pela manhã!

Acordo pela manhã.
Viro-me mais uma vez
Na tentativa de voltar
A um sono que me atrai.
Desperto para uma luz
Demasiado forte para mim.
Sinto-me um estranho
Neste mundo diurno...
As intrigas nos seus bastidores
São mais do que posso aguentar.
No mundo a que pertenço
Não há armadilhas para os sinceros!
No mundo a que pertenço
Há honra e honestidade
E o meu orgulho é prezado!
Sou como sou e assim sou aceite!
Ergo-me agora para mais um dia
Com a consciência tranquila
De quem deixou para trás
Um mundo estranho e vil.
Preservando em mim os meus princípios,
Com o apoio de quem amo,
Sigo em frente no meu caminho
Com uma enorme coragem renovada!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ditadura do Tic-Tac

Tempo...
Vil instrumento da escravidão humana
Que nos subjuga pela força dos compromissos
E nos asfixia junto à foz do pensamento
Cortando-nos a prometida liberdade!
Anseio pelo desprezar do tempo
E a exterminação dos relógios!
Anseio pela revolução vindoura
Que deitará ao chão
A Ditadura do Tic-Tac!
Anseio pelo livre respirar
Longe dos compassos da pressa
De chegar, de fazer, de terminar.
Longe da Ditadura do Tic-Tac
De cada segundo, cada minuto, cada hora...

sábado, 27 de setembro de 2008

Digo-te

Durante longos anos
Ansiei por dizer
As palavras que um dia
Aprendi a temer.
Só o seu pronúncio
Me era horrorizante,
Mas ainda assim
As continuei a desejar.
Agora digo-tas!
Digo-tas sem medos!
Digo-tas sem recear
Que me venham a magoar.
Digo-te as palavras
Que um dia odiei.
Digo-te as palavras
Que ansiei por dizer!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O Tigre e a Serpente

A velha Serpente vagueia
Por caminhos sinuosos.
Vai sibilando aqui e ali
Procurando a quem morder...
Pretende o que não consegue alcançar!
Vindo dos seus Reinos
Vem o Tigre destemido.
Traz a Pátria no coração
E defende-a com toda a alma.
Nada teme e tudo enfrenta!
Talvez a sua força cause inveja
Pois como alvo a Serpente o escolhe,
Escudando-se no alto e frágil galho
Que o Tigre não pode alcançar.
Ele recua mas não foge.
O seu tempo há-de chegar!
A serpente um dia cairá
E logo verá a força de um felino!


Este poema é dedicado a um Tigre em particular e a todos os que preferem a frontalidade de quem diz o que pensa em vez da sinuosidade de quem diz o que convém!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Dor de Ser Criança

A dor de existir começa ao nascer!
No peso de ter Alma, no encargo de ter vontade!
Ao olhos de uma criança tudo é um jogo
E nenhuma verdade inquestionável passa de irracionalidade.
A vida é aos seus olhos um sonho
Onde a dança muda a um ritmo alucinante
Até que alguém apaga as luzes, rouba o palco,
E tudo entra em queda livre num pesadelo imperceptível!
Aos olhos de uma criança não existem obrigações.
Aos olhos de uma criança os adultos são insensatos
E tudo o que dizem ter de fazer
Nada mais é do que uma irremediável perda de tempo!
Sabem que mais? Eles estão certos!
A única verdadeira obrigação de um adulto
Deveria ser para com os seus frutos!
Toda a atenção lhes devia ser devida.
E não me refiro ao mimo
De lhes fazer todas as vontades,
Mera compensação pelo desleixo de um dia-a-dia
Abandonados à frente de um televisor,
Mas ao amor e atenção
De um bom tempo passado juntos.
Pois ver chorar a sua alma
É a pior dor que um homem tem!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Um Olhar Sobre O Rio

Desce lenta e calmamente.
Sem que nada lhe faça frente,
Segue o seu caminho
Com a nobreza de um ancião!
Nada teme, nada o incomoda...
Desce dos montes dando-lhes vida
Levando o seu sumo até ao mar,
E à sua foz dando fama em todo o mundo.
Quando por fim cruza as inúmeras pontes
Encontra uma cidade que nada teme!
Pelo caminho ficou a linha
Que o acompanha fielmente.
Nas suas margens fundiu-se,
Há muito, a neve em mil nascentes,
Deixando agora erguerem-se vastos picos verdes,
Que contrastam com um tranquilo céu,
Que, de um azul pálido vestido,
Abençoa quem o olha e admira.
E são muitos os que o fazem,
Saboreando entretanto um reboçadinho
Comprado à passagem, enquanto o comboio pára,
Seguindo depois em direcção a Este,
Contrariando o Rio que segue indiferente.
Os barcos de hoje ainda o cruzam constantemente
Mas os barris de outrora deixaram de ter lugar!
Ao invés, multidões acenam alegremente,
Dizendo adeus aos que no comboio,
Entre túneis e montanhas, se mantêm atentos
A cada curva do seu leito
Que banha as pedras com um amor milenar!
E ele segue eternamente alimentado pelo sonho...
Dando vida a um mundo repleto de mitos e lendas,
Onde o passado e o presente se unem constantemente.
Dando asas a um povo honrado e lutador
Que tem no seu Rio o seu orgulho!

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Sei

Sei que tudo o que é bom é efémero,
Mas sei também que estamos longe do final.
Sei que não me queres mudar,
Mas sei também que te é difícil
Aceitares-me como sou...
Custa-te a perceber que nem sempre possa sorrir.
Que nem sempre possa falar como quererias...
Mas às vezes o silêncio impõe-se-me na alma
E o eterno dia escurece-me o semblante
Reflectindo o cansaço que há em mim!
A vida, essa, passa ligeira sem que a sinta,
Rápida como uma ave de rapina,
Sem que mude o que por ti sinto...
Sem que deixe de me custar
A interpretação errónea que de mim fazes!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Levaste-me a Dar Uma Volta

Levaste-me a dar um volta lá fora.
Mostraste-me um mundo de que já me esquecia...
Levaste-me a enfrentar a Luz que temia!
Mostraste-me que toda a dor acaba em alguma hora...
Na minha solidão vivia a minha eternidade
Deixando de lado um mundo que não me seduzia.
Levaste-me a dar um volta pelo que eu merecia...
Levaste-me a viver a eternidade sem temer a realidade!

sábado, 26 de abril de 2008

Enquanto o Sol Se Ergue

Passamos do frio ao calor em segundos.
O Sol tórrido queima a pele
Enquanto aguarda as nuvens que o cobrirão
E deixarão os corpos no mais triste gelo
Acentuado pelo vento que nos fustiga a face!
Sentiria, a criança que fui, assim a diferença?
Temeria eu, quando pequeno, o dia que viria?
Talvez não... Talvez a inocência me protegesse a alma...
Hoje apenas a noite me protege o corpo.
Só a noite me dá a força de continuar!
E reúno toda a que consigo para enfrentar o dia,
Pois enquanto o Sol se ergue eu sofro!
Mas limito-me a aguentar o tormento desta jornada
E a esperar com a majestade de um Leão
Pelo descanso que me trará a Lua!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Cada Vez Mais

O que é a beleza
Para além da beleza
Que aos nossos olhos aparece?
Cada vez mais te vejo bela.
Cada vez mais os teus olhos me fascinam,
O teu sorriso me alegra.
Dispenso sorrisos falsos
Em lábios de silicone,
Louros oxigenados
Em cérebros de passarinho!
Beleza que se perde num suspiro
Que lhes sai da boca...
Uma palavra tua
Prende-me a atenção
Em cada frase inteligente.
E como para boneca
Preferiria sempre uma insuflável,
És para mim muito mais do que te julgas!

terça-feira, 18 de março de 2008

A História do Gato Que Queria Ser Tigre

Era uma vez um gato que vivia em casa de uma velhinha muito chata que o estava sempre a pegar ao colo para lhe fazer festas, queria ser grande, forte e livre. Queria ser tigre!
Uma vez a velhinha foi à rua e deixou uma janela aberta. O Gato, sabendo que ali tinha estado um circo com um tigre e vendo ali uma oportunidade de ser livre, fugiu! Agora só tinha de encontrar o circo e o Tigre para que ele lhe ensinasse a ser um tigre! Mas ele já não sabia onde estava o circo e à sua volta só via casas... nada mais. Então começou a andar para tentar encontrar o caminho para onde o circo tinha ido. Andou, andou, andou... a fome já começava a apertar e ele estava exausto! Já devia ter passado por esta rua um sem número de vezes... estava perdido! Num beco ali próximo estava um gato vadio que procurava comida num contentor do lixo. Decidiu perguntar-lhe informações:
- Olá. Por acaso não me sabes dizer para onde foi o circo?
- O circo? Não... Mas para que queres saber para onde foi o circo?
- É que eu quero ser o tigre e para isso tenho de encontrar o circo para o tigre de lá me ensinar...
- AHAHAH! Tigre! Tu... AHAHAH! Oh miúdo tu és um gato! Nunca hás-de ser um tigre!!!
- Ai isso é que serei! - Respondeu o Gato aborrecido e preparou-se para seguir o seu caminho.
- Bem. Se isso te ajudar, a saída da cidade é para aquele lado! - Indicou o gato vadio ainda entre gargalhadas.
O Gato seguiu as indicações ainda chateado por o gato vadio ter gozado com o seu sonho. Pouco depois estava à saída da cidade. Seguiu a estrada e lentamente foi vendo a paisagem mudar de casas e prédios para campos cultivados ou de pasto.
Depois de andar durante muito tempo o Gato viu uma vaca a pastar à beira da estrada e decidiu perguntar se ela sabia onde estaria o circo.
- Muuuu... Sei... Mas porque queres saber?
- É que eu quero ser um tigre! E queria que o tigre do circo me ensinasse...
- Muuahahah!!! Tu? Um tigre? Tu és um gato. Não podes ser um tigre! Muuahahah... - Disse a Vaca a rir-se das palavras do Gato. - Mas olha, se queres mesmo ir até ao circo eu digo-te. No outro dia parou aqui perto, para descansar, a sua caravana. Estava lá um cavalo que me disse que iam para a próxima cidade. Segue esta estrada que os irás encontrar.
Mais animado o Gato agradeceu à Vaca e seguiu.
Alguns dias mais tarde começou a ver ao longe a cidade a aproximar-se e mesmo à entrada lá estava o circo. Aproximou-se e começou a identificar vários animais presos por cordas ou em jaulas. Havia cavalos, camelos, ursos, papagaios, um elefante e até um canguru! Numa jaula acabou por encontrar o Tigre. Deu-lhe pena ver um animal tão grande e bonito assim preso... Aproximou-se para lhe falar.
- Olá Tigre! Pareces triste...
- Ah-hum... se estivesses aqui preso todos os dias também estarias triste...
Então o Gato disse entusiasmado:
- Olha! Sabes uma coisa? Eu tenho o sonho de ser um tigre e se me ensinares eu podia tentar tirar-te daí... sempre tive muito jeito para abrir fechaduras. - Acrescentou o Gato esperançoso.
O Tigre animou-se perante as pretensões do jovem gato, mas lamentou que toda a sua ambição não passasse de um sonho que nunca poderia realizar e que nem ele o poderia ajudar!
- Oh pobre Gato! Infelizmente eu não te poderei ajudar... Nem eu nem ninguém. Sabes que ninguém aprende a ser tigre, simplesmente nasce-se tigre...
- Oh que pena! Fiz todo este caminho para falar contigo... Queria mesmo ser grande e forte. Queria ser um tigre. - Disse o Gato com as lágrimas nos olhos...
Comovido o Tigre pensou numa solução:
- Olha! Grande poderás nunca vir a ser. Mas forte já és! Não é qualquer um que consegue fazer todo este caminho sozinho... Sabes o que podemos fazer? Se me soltares podes vir comigo para a Selva e eu vou ensinar-te tudo o que sei. Infelizmente nunca serás um tigre mas serás o gato mais forte do mundo!
O Gato sorriu e disse:
- Combinado! Não é a mesma coisa que ser tigre mas pode ser que ainda consiga vir a ser grande um dia!
Com muito jeitinho enfiou as suas pequenas garras na fechadura e conseguiu abri-la e o Tigre saiu contente. Os dois correram dali antes que os tratadores dessem conta, mas não antes de soltarem o resto dos animais que lhes agradeceram e prometeram fazer uma grande confusão para lhes dar tempo de fugir. E fugiram. Andaram durante dias e já muito cansados pararam para descansar. O Gato já pensava se não estariam perdidos. Tinha seguido o Tigre muito a custo embora este nunca o deixasse para trás. E andaram tanto que ele duvidava que o Tigre fizesse a mínima ideia de onde estavam, mas nessa altura o Tigre disse:
- Vamos Gato já falta pouco. Após aquela pequena montanha fica a Selva e chegamos lá num instante.
Seguiram e realmente após a montanha lá estava a Selva... Eles entraram e deram muitos gritos de alegria por terem conseguido. Agora eram finalmente livres!
De repente apareceu na sua frente uma fada com asas cintilantes e cara de anjo que se virou para o Gato e disse:
- Olá Gato! Parabéns por teres conseguido chegar tão longe! Foste muito corajoso em te aventurares assim pelo desconhecido em busca de um sonho. Por essa coragem, pela força que demonstraste, por estares sempre pronto para ajudar os outros e principalmente por nunca desistires de lutar pelos teus sonhos mesmo quando se riam de ti e diziam ser impossível, eu vou usar a minha magia para te recompensar. - Com um toque de magia transformou-o em tigre e o Gato, agora tigre, olhando para as suas grandes patas, chorou de alegria...
Obrigado Fada! Muito obrigado! - Correu a abraçar-se ao Tigre...
E os dois amigos viveram grandes, fortes e livres até ao resto dos seus dias.

terça-feira, 4 de março de 2008

Ladra Nocturna

Roubas-me as palavras
Votando-me ao silêncio,
Enquanto me perco
Nas profundezas do teu olhar.
Surges-me como um bálsamo
Que me vai aliviando
As dores da alma,
Apaziguando o meu ser.
Os gritos de revolta cessaram,
E tudo se transforma
Numa acalmia aparente.
Já nada me afecta como antes!
Dás-me ânimo para
Enfrentar o mundo
Com uma coragem renovada
E de súbito tudo parece possível!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A Queda do Império Inexistente

O Império desfaz-se
A cada dia que passa.
O sonho do génio
Não se cumpre...
E não se cumprirá
Pois não há vida!
Corpos sepultados
Cá por cima...
O espírito empobrece
A cada novo dia
E a alma não tem
A grandeza de outrora.
O Povo outrora bravo
Acomodou-se à resignação.
Falta quem os guie honrosamente.
Falta um Rei que não voltará!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Sob o Olhar Da Lua

Sob o olhar da Lua
Sinto o calor do teu abraço.
O frio de Inverno gela,
Mas não a nós!
O teu toque acalma-me a coração.
O teu beijo aquece-me a alma...
A Lua Cheia, minha confidente,
Abençoa o fio que me traça a vida.
O bem-estar instala-se por fim
Num peito que já merecia
O calor que o trespassa!
Esta noite o teu cheiro persegue-me,
Amanhã acordarei feliz
Com o teu sabor nos lábios...
Que a alma transborde no futuro
E que o bem-estar não acabe nunca...

domingo, 13 de janeiro de 2008

Palavras

Palavras que se assemelham
A outras outrora ditas.
Palavras vindas de um passado
Que me assombra.
Palavras que me assustam!
Palavras de um passado
Que quero longe.
Palavras que traem sentimentos.
Palavras que levam à dor!
Uma dor que não quero causar...
Que não quero voltar a sentir...
Palavras que me fazem tremer.
Sentimentos que receio reviver!
Que receio fazer viver...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Ainda Oiço as Gaitas de Foles

Ainda oiço as gaitas de foles
No caminho que percorro.
Como um pedaço de alma
Que insiste em se agarrar
A este corpo profanado!
Sinto a morte chegar... sinto-a!
Se calhar já chegou mesmo há muito.
Talvez o caminho que percorro
Seja o caminho para o seu Reino,
Onde me juntarei aos que já partiram!
Talvez a colina verdejante que subo
Seja o seu lento aproximar
E a chuva miúda que me refresca a cara
Não seja mais que a sua bênção!
E ainda oiço as gaitas de foles que me encorajam!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Entre o Certo e o Incerto

Numa encruzilhada da vida
Eis-me entre o certo e o não certo!
Entre o que desejo
E o que pretende ser a minha salvação.
O que desejo não é certo
E o que é certo
Não sei se desejo!
Tudo é incerto nesta dimensão que desconheço.
Receio estragar o que me envolve
Tentado colmatar o que me falta
Mas tudo o que desejo
É ter na alma o que me apraz
E não sei sequer se o que desejo
É o que me falta!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Passado em Mim

Carregando o mundo nos meus ombros,
Transporto-Te comigo para outro lugar.
Tento sair de vez dos velhos escombros,
Procuro eternamente a luz no Teu luar...
Na escuridão da noite encontro refúgio
Onde posso do Passado descansar.
Deixo o fardo que carrego num subterfúgio
E fujo... e corro... para a segurança do Teu luar.
Mas tarde ou cedo o encontro onde ele está,
Não o esqueço, não o largo, não consigo...
Tento seguir em frente mas ele está sempre cá!
Aquilo que sou reflecte-o e eu sofro só... Contigo!

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Fechei o coração para reparações
E não mais voltei para o procurar.
Desconheço há muito as suas condições,
Pois esqueci o caminho para o encontrar!

domingo, 9 de dezembro de 2007

Saudade

É nestas horas de pura frustração
Que mais sinto a vossa falta
Para minha distracção!
Necessito de vós para voltar à maré-alta...
Horas com sabor a derrota
Acentuadas pela solidão em que me encontro,
Mas sigo persistente na minha rota
Cavalgando no Cavalo Preto que monto.
Pois sei que os quilómetros
Que no presente nos separam
São entre as almas meros centímetros
E a distância não será realçada
No futuro por vitórias que nos falharam.
O sucesso será alcançado no final da caminhada!

sábado, 1 de dezembro de 2007

O Anjo Negro

A taberna estava mal iluminada, apenas com a luz da lareira que ardia no meio da sala. A taberna ficava perto de um local onde as duas principais estradas do reino se cruzavam, e por isso estava sempre atulhada da mais estranha gente. No meio de toda esta variedade de pessoas ele ficava como queria. Ninguém o notava e ele podia ficar simplesmente a um canto escuro com o capuz do manto negro a ensombrar-lhe a cara, ainda que se alguém reparasse com atenção veria uns olhos a brilharem. Olhos vermelhos de pupilas fendidas, que nenhum humano partilhava. Olhos preparados para ver no escuro, pois a luz feria-os. Se pudessem ver a sua cara estranhariam também a sua forma delgada, as sobrancelhas em que as pontas exteriores apontavam para cima na diagonal. Mas nada disto os faria desconfiar que ele não era humano, a menos que vissem a sua dentição de caninos pontiagudos que sobressaiam dos outros dentes normais.
Ele percorria todos os caminhos da região e raramente ficava mais do que uma noite no mesmo sítio. Aliás, era de noite que percorria milhas e milhas, entre montanhas, florestas e campos. Conhecia todos os cantos das ravinas junto ao mar, todas as árvores das florestas do interior, todas as casas das grandes cidades. Conhecia toda a região porque a percorria desde que se afastara dos seres da sua espécie. De noite andava, enquanto de dia, encontrava um qualquer buraco onde a sombra se mantivesse durante todo o dia e descansava, pois a luz era-lhe incómoda. Não é que o destruísse ou que de alguma forma o aleijasse, mas dava-lhe uma estranha sensação de calor exagerado que era de alguma forma dolorosa. E a luz era também um incómodo para os seus olhos que viam melhor à noite. A luz directa do Sol ou de alguma forma reflectida ofuscavam-no e causavam-lhe dor.
O seu afastamento da sua comunidade foi uma consequência natural do seu estado. Ele nunca foi como os outros demónios da noite. Nunca percebeu a maneira como eles se traiam até a eles próprios, como nunca perdiam uma oportunidade de se sobressaírem perante o seu senhor nem que isso fosse o resultado da destruição de outros, fossem humanos ou mesmo demónios. Nunca gostara da sua hipocrisia, do seu cinismo e falsidade. A honra que lhe habitava a alma contrastava com a negritude da alma dos seus semelhantes.
A sua família era da mais alta estirpe. O seu pai tinha sido um importantíssimo soldado do mal e quando a sua carreira estava no auge e se preparava para ser promovido pelo Deus Negro a seu Primeiro General foi assassinado por um seu rival assim como toda a sua família. Só ele escapou pois as suas qualidades eram já significativas e o assassino, ou por medo ou por uma tentativa de lucrar com as suas qualidades, preferiu não entrar em confronto e antes seduzi-lo a ocupar uma posição elevada junto dele. O resultado foi uma cabeça cortada e o Deus Negro teve de arranjar um terceiro demónio para ocupar o lugar de Primeiro General...
A partir daí nunca mais conviveu com os seus e votou-se a uma vida nómada, destruindo todos os demónios que encontrava pela frente protegendo os humanos das suas maléficas acções. Nunca se poderia estabelecer junto aos humanos pois eles iriam sempre receá-lo e só por momentos se permitia a introduzir-se entre eles e passar um bocado no conforto de uma taberna. Momentos esses que já estavam a terminar. Depressa partiria para aproveitar a noite, logo após acabar o seu vinho e seguiria até às montanhas a norte onde passaria o dia nas antigas minas.


Os três seguiam na sua demanda após um leve pequeno-almoço, seguindo o seu caminho ainda de noite enquanto "O Mago" explicava mais uma vez a importância d"O Escolhido" para acabar com a Era das Trevas.
- Sim, eu sei que só eu posso acabar com o Deus Negro. Tenho aprendido bastante acerca disso e de como o fazer. O que eu ainda não sei é porque tu insistes em vir comigo. - Disse "O Escolhido" encolhendo os ombros perante as palavras que não lhe eram novas.
- Já vi que estás bem instruído. - Respondeu "O Mago" pacientemente - Mas diz-me: saberás onde encontrar o Deus Negro, quando a altura chegar? Imaginas por acaso que o caminho estará livre até lá chegares?
- Podem vir os demónios que vierem, que ele enfrentá-los-á. - Disse o velho - Tenho-lhe ensinado todas as técnicas que conheço e posso dizer que foi o melhor aprendiz que já tive. Isso aliado ao talento que lhe foi concedido...
- Não entendem... - continuou "O Mago" - não é a demónios que me refiro... é a magia! E da mais poderosa! Magia que apenas eu tenho conhecimentos para contornar!
Contou então a sua história, fazendo entender aos seus companheiros a sua importância para que a profecia se cumprisse. Continuava ainda no seu relato quando "O Escolhido" lhe cortou a palavra.
- Shhh! Sinto alguma coisa... Estão demónios nesta zona!
Foram seguindo com ele na liderança enquanto "O Mago" lançava um encantamento que lhes permitisse andarem sem serem ouvidos. Foram andando até chegarem à orla da floresta onde avistaram a alguma distância um casa e viram uma mulher jovem a sair disparada da porta para fora. Fugia com todas as forças que tinha mas foi facilmente apanhada por um de dois demónios que vinham calmamente atrás dela. "O Escolhido" saiu à sua ajuda mas antes de galgar a distância que o separava da mulher um outro ser apareceu. Um ser de manto preto surgiu do nada numa rapidez impressionante projectando os dois demónios vários metros e com grande agilidade desembainhou a sua espada, cortou a cabeça a um dos demónios que se tentava levantar e espetou de seguida a espada no peito do outro, cravando-o ao chão. "O Escolhido" ficou espantado com aquilo que se passou em milésimos de segundo. Aproximou-se do ser que ficou de costas para ele, com o capuz cobrindo-lhe o rosto, sentindo-o chegar enquanto embainhava a sua espada novamente.
- Quem é tu? - Perguntou "O Escolhido".
- Não vais querer saber!- respondeu o outro enquanto se preparava para sair dali.
- Sim, quero... - disse ele enquanto lhe cortava o caminho.
Levantado levemente o rosto para olhar o humano sob as sombras do seu capuz o ser perguntou:
-Por mais estranho que eu te pareça, juras que não te virarás contra mim? Não me apetece lutar com quem não merece...
Estranhando a pergunta o humano respondeu:
- Juro-o! Qualquer um que combata demónios é meu aliado!
- Tenho os juramentos dos humanos em boa conta... - disse o ser, e retirando o capuz continuou - Podes-me chamar Anjo Negro, pois demónio negro não serei jamais!
"O Escolhido" estremeceu quando viu as suas feições e a sua primeira reacção foi a de levar a mão ao punho da sua espada, mas depois lembrou-se do juramento que tinha feito e lembrou-se que por mais estranho que pudesse parecer aquele ser tinha acabado de matar dois demónios e salvar uma mulher! Relaxou... e convidou o Anjo Negro a contar a sua história, o que este acabou por fazer, contente por o humano ter cumprido a sua palavra e ao que parecia estar preparado para o aceitar como era apesar de toda a estranheza que o envolvia.
*O Escolhido

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Num Frio Que Gela

Num frio que gela,
O Sol bate-me na cara.
E queima...
Leio poemas de um poeta que inspira,
Ouço a música que me acompanha.
Desloco-me num mundo que não falha,
Ritmado que é por ser dia!
Vou para de onde não cheguei a sair
Imaginando como é ser livre.
Hoje a vida é isto!
Será assim amanhã?
Porque o que sei que hoje sinto
Não sei se um dia voltarei a sentir...
Tudo me é incógnito
Num mundo que tenho por descobrir
E eu sei apenas que não sei tanto,
Sabendo mais que quem sabe tudo!
Sei que a vida é triste e melancólica!
Mesmo quando há alegria!
Pois mesmo na alegria há a certeza
De que tudo acabará um dia!
E o dia que hoje é Presente
Acabará como tudo
Em Passado e melancolia...

sábado, 24 de novembro de 2007

Turn the lights off

Turn the lights off my love,
Turn the lights off...
I want to feel you in the dark.
Let your light
Be the only one to shine!
Turn the lights off my love,
Turn the lights off...
The night was made
To be lived in the dark.
Let your splender guide us!
Turn the lights off my love,
Turn the lights off...
Even there high
Where I can't touch you,
Thy light is enough to love you!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Um Passado Sempre Presente

A solidão que me abraça a alma
É acentuada pela lembrança
De demónios há muito esquecidos,
De tempestades em dias já desaparecidos,
Por momentos aliviados pela esperança
De obter por fim a merecida calma...
Surges-me como um fantasma
Que me assombra os pensamentos
Mesmo nos momentos mais improváveis
E após algumas noites memoráveis,
De uma psicose de fugazes sentimentos,
Aperta-se-me o peito como se tivesse asma.
Após a distância a que a vida me vota,
Volta a realidade de um sentimento antigo,
Que faz dos outros apenas insignificantes.
Vou do amor ao ódio em instantes
Numa fúria que se revela contigo
E só contigo este ódio se denota!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Tempos de Decadência

As luzes enchem já a cidade
Em noites que se querem escuras,
Realçando à vista objectos de puro consumo!
Apelam com ciência a um espírito deturpado
Pela ganância de um povo,
Que na sua crescente hipocrisia,
Chama religiosa a uma época
Já nada mais que material.
Tudo se traduz apenas em dar
Pensando em receber
E eu como sempre festejarei o "Yule"
Lembrando povos antigos que festejavam
Os últimos dias do ano com a abundância
Que sabiam não ir ter em meses vindouros.
Celebrando os seus Deuses querendo somente sobreviver
A mais um Inverno para ver a próxima Primavera...

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Há Dias Assim

Há dias em que a alma se torna grandiosa.
Em que este corpo parece diminuto para a albergar
E a alma anseia por fugir para a imortalidade!
Dias em que acordamos maiores que a realidade
E tudo o que nos rodeia parece mesquinho.
Dias em nos sentimos ainda mais deslocados
Mas que nos sentimos bem com isso...
Por momentos temos a certeza de que somos bons
Naquilo que nos propomos fazer
E o que fazemos dá-nos razão.
Dias em que nada do que nos digam
Nos deixará de rastos pelo mundo que calcorreamos
Pela simples certeza de que somos melhores!
Pela simples certeza de que somos melhores...

domingo, 28 de outubro de 2007

O Segredo da Casa do Bairro do Chinelo

Quando comprei aquela casa, há uns anos, estava longe de suspeitar que ela escondia tal segredo...
Sempre gostei de casas antigas. Acho que guardam em si um pouco de todos quantos a habitaram. Têm em si milhares de histórias para contar se as soubermos ouvir. Aquela tinha em si uma alma enorme, do tamanho do segredo que ansiava por contar, que não se perdeu com o tempo.
As fundações da casa de que lhes falo remontam à última metade do século XVIII, tendo pertencido à mesma família desde a sua construção. Após a morte do último proprietário, que não tinha herdeiros directos, a sua posse passou para um parente distante que não a querendo a colocou à venda. Estando situada no Bairro Conde Almeida Araújo ou, como é conhecido entre os populares, Bairro do Chinelo, foi construída por um dos homens envolvidos na construção do Palácio Real de Queluz, tendo a sua família servido no Palácio durante mais de um século, geração após geração.
Após o acerto da sua compra decidi mudar-me imediatamente não esperando pelo fim das restaurações a que a submeti, apesar de estas não serem muitas. O estado da casa era de fazer inveja a outras bastante mais recentes, denotando por parte do ancião que a habitava um extremo cuidado com o seu estado, como que receando que cada ano que nela pesasse pudesse obrigar a mais profundas restaurações que poderiam levar à descoberta de um segredo que era só seu. Mas o segredo não era só seu. Era também da casa que ansiava por o revelar. E assim numa tarde em que me permiti uma olhada aos objectos que compunham o recheio da casa e que comprei juntamente com o imóvel, ela começou a contar-mos e encontrei no escritório uma estante repleta de livros bastante antigos. Fui abrindo as vidraças que os protegiam e sentindo-os com um passar da mão ao de leve, enquanto observava os seus títulos. Havia grandiosas obras dos mais variados autores mas foi um simples livro de capa preta que, por não ter um título impresso, me reteve o olhar e despertou a curiosidade. Era um livro velho de folhas soltas e quando o abri caíram várias que pareciam no entanto não pertencerem ao livro, sendo sim manuscritos que ali tinham sido colocados para assim melhor se preservarem do passar dos anos. Apanhei-as do chão e reparei que eram cartas remetidas por um mesmo autor e que iam desde as mais elaboradas promessas de amor a simples notas como "Espero-vos daqui a três dias ao pôr-do-sol na passagem", mas aquela que mais me despertou o interesse foi uma que ditava o seguinte:
«Amada Ana,
Confesso-me feliz pela boa nova que me fez chegar acerca do fruto que esperais nesse belo ventre, e ainda que pese por não poder dar o amor e atenção devido à criança que aí vem, bem sabeis minha amada que infelizmente a minha posição não o permite e todo este assunto tem de permanecer secreto. Não fosse eu filho de quem sou... Não fosse eu casado com quem sou, apenas para satisfazer o meu prezado irmão e o seu "amigo" que de certo vos mataria se do nosso caso desconfiasse, e decerto fugiria para bem longe convosco para que longe de todos pudéssemos ser felizes. Ainda assim vos garanto que não o podendo criar como filho, não deixarei nunca que ele sinta qualquer necessidade, pois pretendo fornecer-vos uma parte da minha fortuna que chegará para vós, para ele e para as gerações futuras. Apenas vos pedindo que sejais discreta na forma como a utilizais para não recolheres para vós as atenções de quem sabemos.
Ansiando por vos encontrar brevemente, este humilde servo P.
29 de Novembro de 1759, Queluz»
Fiquei a cismar durante várias horas em quem seria aquele misterioso P. e quem seria a Ana a quem se dirigia com tão respeitosa paixão. Voltei a guardar o livro como estava, fui jantar qualquer coisa simples, e ainda com a cabeça ocupada acendi a lareira e assim me recostei numa poltrona onde certamente o antigo dono da casa se recostou inúmeras noites também.
Na noite seguinte, ao limpar a lareira das cinzas que nela repousavam, reparei numa pedra que aparentava estar solta, e pensando em dizê-lo ao homem com quem combinara arranjar a casa mexo-lhe para saber se estava completamente solta. Qual não é o meu espanto quando a pedra, ao meu toque, desliza para dentro da parede e com um ruído se abre uma passagem no fundo da lareira. De boca entreaberta acabo por ir buscar uma lanterna e entrar na abertura, sem acreditar no que estava a acontecer.
Para lá daquela entrada, encontrava-se umas escadas que desciam uns bons metros. À direita encontrava-se uma antiga tocha e pendurado também no seu suporte encontrava-se um foco que parecia recente. Experimentei-o e vendo que funcionava decidi prender a lanterna ao cinto e utilizá-lo. Desci as escadas e quando terminei vi um túnel que se perlongava a perder de vista. Segui-o ao longo de intermináveis metros até que vejo aparecer diante de mim uma enorme câmara quadrada com cerca de vinte metros de aresta e talvez seis metros de altura sendo o tecto uma abóbada digna de uma qualquer catedral. Na parede à minha frente encontrava-se uma abertura que parecia dar para um túnel semelhante aquele do qual desemboquei, enquanto na parede da esquerda estava uma porta à qual me dirigi. A porta estava aberta e dava para uma divisão que se assemelhava a um quarto. Tinha uma cama de dossél, que apesar de se notar o requinte da sua madeira e do trabalho nela realizado, estava em muito mau estado de conservação. As paredes tinham vários suportes para tochas que acesas certamente dariam à divisão uma boa iluminação. Perguntei-me se esta seria a passagem de que as cartas de P. falariam e se aqui seria o ponto de encontro dos dois amantes.
Decidido a descobrir onde a outra parte do túnel iria dar saí do quarto e segui o túnel durante vários metros até me encontrar de novo perante umas escadas que subi de seguida. As escadas no entanto terminavam num tecto de pedra parecendo que tinha sido ali colocado para interromper as escadas. Tentei procurar uma passagem escondida entre as pedras ou uma qualquer pedra que pudesse servir de alavanca para abrir uma qualquer passagem secreta, mas parecia não haver nenhuma. Pensei então que onde quer que esta saída estivesse estado ligada, a sua passagem tinha sido bloqueada. Sentei-me então nos degraus desalentado e encostei o cabeça ao degrau bloqueado pelo tecto. Nisto sinto o degrau a mexer-se e uma abertura a surgir do tecto. Receoso de que alguém pudesse estar do outro lado subi pela abertura e foi olhando para ver se alguém tinha dado conta da passagem ter aberto, mas não vi ninguém. O que vi foi no entanto espantoso. A divisão a que fui dar era nada mais nada menos que uma capela que reconheci por tê-la visitado uns anos antes. Era a capela existente no Palácio Real de Queluz.
Então tudo ficou claro na minha cabeça. O P. que escrevera as cartas devia ser alguém da corte, e que por isso e por ser casado não podia assumir o seu amor com Ana que seria talvez filha do simples homem que trabalhava na construção que estava a ser realizada na antiga Quinta do Infantado e da qual surgiu o Palácio Real e que com a conivência do nobre, deveria ter construído em segredo o túnel e a câmara, embora me escapasse como é que o homem poderia dispor dos recursos necessários a tal obra sem que isso fosse notado.
De repente senti os passos de alguém. Certamente o guarda nocturno que estaria de vigia aproximava-se e eu teria de sair dali antes que ele me visse. Desci então pela abertura e pressionei o degrau sentindo a porta da capela a abrir ao mesmo tempo que a passagem se fechava.
Voltava para trás incrédulo com tudo o que me acontecera e longe de imaginar que as surpresas ainda não tinham acabado. Quando saí para a câmara pela qual passara anteriormente reparei numa inscrição na parede oposta ao quarto e que não tinha reparado antes: «Aqui Jazem Descendentes de Reis», inscrição esta que se encontrava por cima de uma brasão que reconheci como o brasão da casa de Bragança. Olhando para o chão reparei que lá se encontravam inúmeras lajes que continham nomes e datas. Datas estas que pareciam ser datas de nascimento e morte das pessoas que sob as lajes deveriam estar sepultadas. Algumas delas continham algo mais para além dos nomes e datas. Algumas tinham descrições que pretendiam mostrar quem eram e aquilo que tinham feito. Uma coisa era certa, parecia que todos eles pertenciam à mesma família, à família que tinha sido proprietária da casa que eu havia comprado. Apenas um nome parecia faltar nesta verdadeira árvore genealógica, e esse nome era a do ancião que a havia habitado por último e que por falta de quem o enterrasse neste jazigo familiar tinha sido sepultado longe dos seus antepassados.
No meio daquele monte de nomes um saltou-me à vista. O primeiro do lado esquerdo, junto à parede. O nome era Ana e tinha as datas de 1742-1774. Não tinha mais nenhuma inscrição mas ao seu lado estava outra que tinha o nome de Pedro, 10/04/1760 a 05/12/1808, e que continha a inscrição:
«Valoroso Homem, filho de Ana e do Rei regente D.Pedro III, fruto de um amor impossível.»

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Dos castelos em altos montes colocados
Às barbacãs que os seus sopés protegem.
Dos cais pela foz de largos rios abraçados
Às nascentes que de longínquas terras descem,
Corro o Passado esquecido num único momento
Procurando o Futuro que me encontra onde me sento!
Entre batalhões de exércitos exaustos e perdidos,
Deixo-me estar caído entre mortos e feridos...
Acomodando-a no meu colo, afio a espada já gasta.
De sentidos sempre alerta, mantenho a armadura posta,
Agindo mecanicamente, num mundo que não me sente...
Sigo com coragem para onde me leva o Presente
Mantendo a honra que toda a vida me guiou.
Mantenho-me atento ao solo sangrento onde hoje estou!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Hoje Fico Assim

Hoje fico assim sentado.
É isso! Hoje fico aqui sentado...
Estendo-me no meu cadeirão
E estico as pernas.
Ontem vagueei pela noite,
Passeei pelas ruas
De uma cidade adormecida.
Mas hoje não me apetece...
Hoje deixo-me estar.
Puxo um cálice e encho-o.
Tenho Porto!
Hoje apetece-me um Porto.
Gosto de um bom Porto,
Cai-me bem em noites como esta.
É isso! Hoje deixo-me estar sentado,
Fecho os olhos e bebo um Porto...

domingo, 30 de setembro de 2007

Sou Sombrio

Não me percebes.
Nunca o farás...
Nem hoje, nem amanhã.
Nunca como eu te percebo a ti.
Nem o fazes tu, nem o faz ninguém!

Ninguém nota quando estou mal.
Ninguém vê quando preciso de apoio.
Uns mandam mais umas quantas pedras
Enquanto outros, como tu, simplesmente me ignoram.
Dizes que nunca vos conseguiria acompanhar? Em quê?
Ouso dizer que te acompanharia ao fim do Mundo,
Mas na verdade vós é que não me acompanhais a mim!
Dizes que sou tão dark?
Sou-o de facto,
Mas nunca entenderás o significado que me atribuis!
Não me conheces!
Não como eu te conheço já a ti,
Que te pergunto o que tens quanto te vejo em baixo.
Mas os sinais que eu transmito na minha tristeza
São invisíveis a toda a gente!
Não os vês! Nem hoje nem amanhã.
Assim como não os viste ontem...
Ninguém os vê!
No entanto quando me falas julgas que me percebes.
No teu fundo tens a certeza que não te entendo.
Acredita... ninguém te entende como eu
Ainda que aos teus olhos possa não o parecer!
Ainda que te pareça que não estou
Quando sou o único que te escuta...
Devo mesmo ser sombrio...
Camuflado nas sombras, passo uma vida
Sem que ninguém me dê valor.
Se morresse hoje certamente seria importante.
Todos se lembrariam de mim e chorariam
Sobre o meu leito final.
Certamente que me tornaria no jovem promissor
Que hoje ninguém vê.
Certamente que também tu sentirias aí a minha falta
Nem que fosse por uns segundos!
Mas isso não acontecerá.
Nem a morte quer nada comigo
E decerto não a irei eu procurar.
Não desistirei... Não penso em saída tão fácil.
Resistirei e renascerei das cinzas como uma fénix!
Ainda que ignorado por todos seguirei com bravura
E lutarei nem que seja só...
Morrerei de velho aos noventa e três anos...
Mesmo que contra vontade.
As decepções que apanho da vida
Não são suficientes para me fazer desistir.
Ignoro o meu futuro e as dúvidas estão lançadas
Como em momento algum da minha vida.
As certezas que tinha desapareceram
E as desilusões que apanhei do Mundo
Fizeram-me repensar o futuro.
Os caminhos que se fecham à minha frente
Fazem-me procurar novos caminhos.
Alguns bem longe do começo...
Gostava de ter algum apoio, alguma compreensão...
Mas como se vê em que estado estou?
Para todos e para ti, este foi apenas mais um dia
Na alegre e decidida vida que levo.
Sempre estive bem, porque estaria eu mal agora?
É tão fácil porem-me erros em cima,
Quando não fui eu sequer a errar,
Com a certeza que não me afectarão...
Mas olhem só!
Talvez eles me afectem.
Talvez um dia as críticas, o preconceito ou a indiferença
Me deitem abaixo.
Talvez não seja tão forte como sempre fui!
Talvez esteja a ficar fraco...
Talvez esteja a ficar cansado de tudo e todos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O Mago

Vagueava pelo Mundo à procura de alguém. Não sabia bem quem mas sabia que quando estivesse perante esse alguém o reconheceria. Procurava-o há décadas, desde que lhe fora confiado um segredo que permitiria mudar o mundo, mas pressentia que o momento estava próximo. Os relatos de demónios da noite que apareciam mortos eram cada vez mais e ele sabia que o seu número era bem superior àquele que lhe chegava, escapando das garras do Deus Negro que certamente tentava camuflar as suas perdas.
Sim ele já tinha vindo! Disso ele tinha a certeza.
O que "O Mago" não sabia ainda era se ele tinha noção do destino que lhe estava guardado, e daí a urgência em o encontrar. Se ele não estivesse consciente do facto de ser o único com possibilidades de derrotar o Deus Negro então poderia tudo ser deitado a perder. E se estivesse consciente? Por muito que ele soubesse o que lhe esperava, nunca poderia cumprir os seus objectivos sem a sua ajuda. Era "O Mago" que detinha o poder para o ajudar. Era ele que detinha os conhecimentos para anular a poderosa magia que protegia o Deus Negro no seu covil, onde Ele se mantinha desde que A profecia foi ditada.
Ele sabia o que tinha de fazer e sabia que após o ter conseguido "O Escolhido" tinha o caminho livre para acabar com a Era das Trevas onde a noite trazia a morte aos menos incautos. O conhecimento fora-lhe transmitido pelo seu mestre assim como a este pelo mestre anterior e pelo anterior do anterior... Sabia que não seria fácil mesmo que encontrasse "O Escolhido" em tempo útil. Os perigos que os rodeavam eram muitos e não se ficavam pela magia e certamente que o Deus Negro já enviara os seus mais perigosos demónios para acabar com a única esperança de paz futura e caso aquele que "O Mago" procurava desconhecesse ainda o seu destino então este poderia ser apanhado desprevenido e então tudo iria por água a baixo.
"O Mago" aproximava-se de uma cidade no interior do reino depois de ter ouvido relatos de seres das trevas que tinham sido encontrados mortos perto dali há poucos dias atrás. Sabia que cada vez estava mais perto de o encontrar! Sentia-o...
Estava num bosque que rodeava a cidade de Oeste para o Norte e caminhava por um caminho aberto pelos viajantes que se aproximava da cidade vindo de Noroeste, quando se preparou para descansar e comer algum do queijo e do pão que ainda lhe restava e que era já muito pouco, não se preocupando no entanto muito com isso pois esperava que esta fosse a sua última refeição antes de chegar à cidade onde poderia comer uma refeição quente e restabelecer as suas provisões para a próxima viagem. Ainda era de dia mas todo o tempo era pouco, pois assim que o Sol se pusesse ele não estaria em segurança. Não que o Deus Negro soubesse o segredo que ele guardava mas simplesmente porque ninguém estava em segurança pelos bosques e florestas durante a noite. A segurança já era pouca nas cidades e nas casas quanto mais nos bosques. Se o atacassem certamente que se poderia defender, já o tinha feito, mas também poderia sair ferido, o que o obrigaria a perder um tempo precioso na sua procura.
Quando a noite se aproximou ele seguiu o seu caminho confiante em alcançar a cidade em breve mas mal o Sol deixou de iluminar a estrada onde caminhava, tapado no seu declínio pelas espessas copas das árvores do bosque, saíram-lhe ao caminho vários seres demoníacos. Mais do que alguma vez ele tinha visto juntos, e sabia que não era por acaso. Não! Aqueles estavam ali por ele. Ainda que desconhecesse o seu segredo o Deus Negro desconfiou da sua procura. Nada lhe escapava e certamente muito menos alguém que nas últimas décadas viajava incessantemente e que curiosamente nos últimos tempos teimava em viajar para onde se sabia terem morrido alguns dos seus soldados e então decidiu acabar com ele evitando assim complicações desnecessárias.
"O Mago" sabia que estava perdido. Era muito bom nas artes mágicas de combate mas não seria suficiente para as mais de duas dezenas de soldados do mal que o rodeavam, ainda assim estava decidido a levar com ele tantos quantos conseguisse. Com um movimento circular do seu bastão enviou uma onda de energia que afastou os seus atacantes alguns metros e lhe deu tempo para com uma enorme economia de energia rebentar a jugular a três demónios que se encontravam à sua frente enquanto com o seu bastão enviava um feixe de luz que perfurou o coração de mais um. Os seus adversários saltavam para cima se si decididos a acabar com ele o mais depressa possível e ele respondia com uma enorme perícia e uma rapidez, que a sua idade de certo não denunciaria, erguendo escudos e enviando feitiços mortíferos aos que o rodeavam.
Mais de dez tinham já caído mortos mas as sua energias começavam a escassear e ele lutava já debilitado quando, após um feitiço que deitou por terra mais três demónios de uma só vez, uma pancada o atingiu na cabeça e ele viu uma enorme luz. Estava tudo acabado! Mas antes de cair sentiu a presença que tanto aguardava e um grito de guerra acompanhou-o num longo período de inconsciência.
Muito mais tarde acordou e viu que se encontrava numa cama onde um velho o olhava e ao vê-lo acordar sorriu e disse:
- Descansa Mago! "O Escolhido" salvou-te a vida e agora estás seguro!


*O Escolhido

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Regresso à Escuridão

Regresso às pedras que me acolheram.
Regresso à caverna onde me recolho
Nas minhas reflexões.
Onde desiludido pela vida
Escrevo à luz ténue de uma vela.
A escuridão que se reflecte nas paredes de pedra
Contrastam com a luz que inunda o exterior.
Apenas à noite, quando o escuro se propaga
Para além da caverna que tomei como casa,
Me sinto bem e vagueio por florestas e jardins,
E frequento os mais belos palácios e monumentos,
E festas onde os anfitriões me recebem como rei.
Rio, bebo e como, escarnecendo do Mundo que me despreza
Mas depressa retorno ao meu buraco...
O Sol já nasce...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Deus, Alá, Thor, Mithra? (Quem sois que me fodes a vida?)

Que desconhecida força nos controla o destino?
Que tristes fiandeiras tecem o nosso fado?
Que Deuses Gregos, Romanos ou Nórdicos
Nos retiram o certo do caminho,
Deixando o incerto como futuro?
Deus ou Demónio? Que raio és
Que brincas assim com a minha vida?
Que ser, divino ou não, és tu
Que me retiras uma certeza confirmada
Para me deixares na merdosa sensação do desconhecido?
Como queres ser respeitado
Se te escondes por trás de crenças irracionais?
Como queres ser adorado
Se nos fazes a vida num Inferno?
Mostra-te e conversaremos... Tenho umas contas a ajustar!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Invisiblidade

Tocada pela Lua.
Como os outros dizem: Aluada!
É o que tu és.
Mas é assim que aprendi a gostar de ti!
No entanto perto de ti sinto-me só...
Invisível.
Parece que não me vês.
Tudo parecia tão fácil
Quando eras tu que eras por mim ignorada...
Longe vão os tempos
Em que me deste o braço ao andar na rua.
Longe vai o tempo
Onde me despertaste com um toque de Midas...
A bússola que te guia mudou entretanto de direcção,
(Talvez até nunca se tenha dirigido a mim)
E segues em direcção a quem
Não te pode oferecer o que procuras...
E eu, só, vejo-te perder o rumo sem nada poder fazer!
Triste, vejo-te afastar cada vez mais.
Na solidão do costume, refugiu-me nos bons amigos,
Que de nada desconfiam
Mas que me suportam a alma a cada momento
Mesmo sem saber!
Quem me dera ser notado!
Quem me dera que reparasses quando não estou!
Quem me dera que me desses a importância de sentir a minha falta!
Mas sou comum... Aquele que se interessou quando quiseste mas nada mais voltou a ser...
Sou invisível!!!

sábado, 4 de agosto de 2007

Assim Tu Quisesses

Oh -------! Assim tu me quisesses...
Assim me quisesses tu para ti!
Dar-te-ia o Mundo!
Dar-te-ia a vida que tanto anseias carregar...
Por ti daria a vida uma, duas, três vezes!
Quantas tu quisesses!
Assim tu o quisesses...
Far-te-ia a mulher mais feliz do mundo!
Toda a Filosofia existente não nos explicaria...
Assim tu me quisesses!
Assim tu quisesses tornar-nos uno,
E sentirias em mim um coração quente e não frio!
Sentirias responsabilidade, amor e devoção.
Assim tu quisesses...

Afasto-me

Não quero sentir por ti o que senti por outra!
Não! Não quero o amor! Não quero o ódio!
Pretendo afastar-me enquanto posso.
Pretendo sair enquanto estou ileso.
Afasto-me... Vou para longe.
Nunca quis a tua simpatia,
Nunca quis o teu amor...
Mas tu fizeste-me acreditar ser possível!
No entanto és esquisita, inconstante!
Mudas como as marés e não sei com que contar!
Num momento estás comigo...
No outro abandonas-me à minha sorte!
E isso não posso eu suportar...
Afasto-me para não ficar magoado.
Afasto-me para o meu canto onde me irei aninhar.
Gostava de ser alguém especial,
Para que sentisses a minha falta
E ai então me dares valor...
Reparares então que sou o que procuras!
Gostava de ser alguém que valesse a pena tu resgatares...

terça-feira, 17 de julho de 2007

Aviso

Caros amigos e demais bloggers que se dignam a ler as minhas palavras.
Vou de férias para a minha amada terra natal que fica num sítio bué bué longe onde este fabuloso mundo da Internet ainda não chegou (pelo menos a minha casa...) e como tal vou estar um pouco afastado do vosso convívio. As postagens e visitas a outros blogs será portanto esporádica e dependente do aproveitamento escandaloso das instalações de um qualquer amigo cuja casa frequente...
Ainda assim considerem-se livres para navegar por aqui, lerem posts antigos e deixarem os vossos comentários que podem demorar a ser exibidos mas sê-lo-ão de certeza.
Ladies and gentlemen, beijos e abraços respectivamente e boas férias a quem as tiver entretanto.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Ode às Férias

AAAAAAHHHHHH!!!
Um grito rouco solta-se-me
Da alma num laivo de luz
Que se esvai em glória.
Toda a ansiedade em meses acumulada
Se dissolve no gosto infame da vitória!
O descanso assume o controlo
Sob a forma de um alívio imenso.
Missões cumpridas com sucesso relativo.
Sucesso, ainda assim, que me faz encarar a vida
Com o sorriso de quem já nada tem a perder!
Descanso merecido por meses de esforço
Por fim recompensados.
Ah! Férias...
Finalmente...
Poder dormir o dia todo
Sem nada que me obrigue a levantar
E encarar a luz se não quiser!
Poder estar tempos infinitos a aproveitar a noite
Com os amigos que me enchem a alma!
Poder ocupar a noite com gargalhadas sentidas,
Devidas a assuntos que os outros não entenderiam.
Os outros... aqueles que formam a multidão
E dos quais nos destacamos.
Sim! Destacamo-nos pela diferença!
Pela certeza de que entre nós não existem falsidades!
Pela certeza de que neste período nos reencontraremos.
E por cada amigo que parta para abrir novos horizontes,
Outro voltará a casa recebido em brindes de uma cerveja que não se esgota.
E em cada conversa surgirá um sorriso no meio de uma lembrança.
Que neste período de descanso nos é permitido
Pelo tempo que passamos juntos,
Como não passamos em qualquer outra altura do ano.
Ah! Férias...
Como vos ansiava...
Poder estar com quem gosto
O tempo que quiser!
Sim, manito do meu coração!
Também contigo anseio estar!
Também à praia irei contigo se assim o quiseres.
Brincarei contigo tardes inteiras só para te ver sorrir!
Só para sentir o teu abraço.
E quando as Férias acabarem
Partirei de forças e vontade reforçadas
Para um ano que se quer difícil!
Pois só assim haverá prazer
No sucesso que hoje sinto!

sábado, 14 de julho de 2007

Peças Pretas

No xadrez como na vida
Nunca dou o primeiro passo.
Jogo com as pretas...
No xadrez como na vida
Espero a tua acção para agir!
Desconheço o que pretendes de mim.
Não sei o que queres, não sei!
Sei o que quero... isso sei bem!
Quero-te a ti!
Mas não avanço sem saber que me queres também...
Não! Não o farei...
O meu orgulho não o permite.
Não! Não o farei hoje nem amanhã!
Vem para mim e te acompanharei ao fim do Mundo!
Ou não venhas e sozinho ficarei a ver-te partir.
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