quinta-feira, 28 de junho de 2007

Tormentas

"Não pode chover para sempre!"
Diz-se... mas quando será que pára?
Na minha vida têm-se seguido
Tormentas após tormentas,
Tempestades atrás de tempestades,
Sejam tropicais ou glaciares...
O Sol, esse, brilha longe
Para outros que não eu!
Vou para um lado e ele
Foge, jocoso, para outro!
Atraio para mim as tristes
Nuvens cinzentas de sempre.
Sou levado a procurar refúgio
Onde invariavelmente não encontro!
Fico só enfrentando ventos e marés,
Na ponta escarpada de uma falésia,
Deixando para trás as colinas verdejantes
Que teimo em não encontrar!

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Aquilo Que Faço

Aquilo que faço
Não pretende ser poesia!
Não! Não sei como isso se faz.
Nunca estudei para isso
E decerto nunca o aprendi...
O máximo que obtive
A Português foi um doze
E nunca me dei bem
Com figuras de estilo!
Não! Aquilo que escrevo não são poemas!
São sentimentos!
Sentimentos e algumas histórias...
Que não deixam de ser sentimentos
Como sentidos são os sonhos
Que vivemos como se fossem realidade...

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Derfel o Poderoso

Quando olho para o meu passado não posso deixar de sentir orgulho no que fui um dia! Filho de uma escrava, conquistada numa batalha, escapei de um "poço da morte" em bebé e fui criado pelo maior sacerdote de sempre, como protegido dos Deuses.
Hoje quem olhasse para mim não veria mais do que um velho maneta cheio de rugas e de frio. Não acreditaria que fui mais, muito mais do que sou hoje. Fui um grande guerreiro, um dos melhores do meu tempo. Fui Paladino real. Nunca perdi um duelo e participei em inúmeras batalhas, nas quais quebrei inúmeras muralhas de escudos. Fui de tal valor que meu nome foi temido pelos meus inimigos.
Inimigos esses a cujo povo a minha mãe pertenceu, e ao qual deveria eu também pertencer, mas apesar de ser saxão de nascença, fui criado pelos bretões e serei sempre bretão.Longe estava eu de saber que a minha mãe tinha sido amante do maior Rei saxão e por conseguinte eu seria príncipe desse reino, Haengland. Não interessava. Mesmo quando o soube a minha lealdade ao meu senhor e amigo não vacilou.
A minha vida foi feliz. Não posso dizer que não. Amei e fui amado. Tive filhas lindas. Mesmo sendo filho de uma escrava desposei a minha amada, nada menos que a princesa de um dos Reinos bretões e poderia também ser Rei caso a minha lealdade ao meu senhor não me obrigasse a servi-lo. Confesso que senti pena de não o ser, mas para quê? Ser Rei de um Reino pobre e feio... é preferível ser Paladino do Grande Rei Supremo, ainda que este não queira assumir o trono por ser bastardo. Para mim será sempre o último grande Rei bretão. O único que poderia ter expulsado de vez os Saxões da ilha sagrada.
Numa última batalha à beira-mar acompanhei o meu senhor e a minha família ao barco que os levou de uma batalha perdida enquanto fiquei... e sobrevivi!
Mas agora já estou velho... Perdi a conta às primaveras que vivi. Vivo num mosteiro de Gwent, longe de todos quantos viveram no meu tempo e que já deverão ter morrido há muito, excepto um Santo bispo, que em tempos me temeu, mas ao qual devo agora obediência por força de um velho juramento, e que me humilha a cada oportunidade como vingança do meu desdém antigo. Obrigado a fingir devoção a uma religião que não é a minha, os instintos levam-me a recuperar hábitos pagãos numa época em que os inimigos estão de novo em força prestes a chegar a um mosteiro onde não há quem nos proteja.
Mas ainda bem! Quando todos fugirem eu pegarei na minha velha espada, beijarei o velho pingente oferecido pela minha amada na primeira vez que a vi, e irei para a entrada do mosteiro esperar pela morte, e quando eles vierem, que Mitra me ajude a ter forças para erguer mais uma vez a espada que tantos saxões matou e levar para o outro mundo mais uns quantos escravos para me servir no banquete onde me juntarei aos meus, comendo e bebendo, após passar a ponte das espadas!
Pois eu sou Derfel ap Aelle, príncipe saxão... ou para os Bretões Derfel Cadarn, "o poderoso"!

terça-feira, 12 de junho de 2007

A Lápide

Ali estavas tu quando eu cheguei,
Linda e bela sob uma grande laranjeira.
Desde logo por ti me apaixonei!
Serei feliz, assim a sorte o queira.
As laranjas caídas, do chão apanhavas,
E pela luz de uma Lua Cheia raiada
Te encontravas tu, assim sentada
Enquanto suavemente a tua doce voz soltavas.
Na tua frente, a uns passos de distância,
Uma velha e escura lápide jazia fria.
No ar reinava uma suave fragrância
E do mar próximo subia uma leve maresia.
A sepultura, essa estava vazia
Enquanto na lápide, gravado, o teu nome lá jazia!

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Cansaço

Cansaço!
Cansaço que não me larga!
Descanso e ele não foge,
Acordo e ele está lá!
Cansaço de uma vida
Que não acaba!
Cansaço de um Mundo
Ao qual não pertenço
E do qual não me consigo desprender...
Cansaço da gente que me rodeia!
Cansaço da hipocrisia que me envolve...
Para a qual me querem arrastar!
Porque hão-de querer que seja assim?
Porque hão-de querer que me integre
Onde jamais pretendo pertencer?
Estou cansado que me queiram mudar...
Cansado que não me aceitem como sou!
Cansado de não pertencer aqui ou a lado algum...
Estou cansado deste cansaço!
Valham-me vós irmãos!
Free Web Site Counter
Free Counters