terça-feira, 26 de setembro de 2006

O Escolhido

Não sabia porquê nem por quem, apenas sabia que era perseguido por seres que eram incansáveis na sua procura e não lhe davam descanso. Perseguiam-no desde a aldeia de onde ele provinha. Ele desconhecia aquilo que os motivava. Na verdade desconhecia que tivesse feito mal a alguém. No entanto aqueles que perguntaram por ele na estalagem tinham tudo menos um ar amigável. Na verdade tinham um ar assustador, pavoroso mesmo. Tanto que ele, sem sequer se mostrar, fugiu o mais depressa possível seguindo em direcção há floresta.
Seguindo fora do caminho trilhado na floresta ele esperava despistar os seus perseguidores mas passados alguns minutos sentiu-os na sua retaguarda. Não precisava de os ver para saber que eles lá estavam, a poucas centenas de metros. Ia avançando por entre as árvores desbravando caminho que não era usado senão por lebres ou outros animais de pequeno porte existentes naquela zona. Tentava passar por entre mato e silvas sem deixar vestígios mas era escusado... eles continuavam na sua peugada.
Redobrou a velocidade do seu andamento, mas não adiantava, eles não descolavam. Pelo contrário, parecia que cada vez estavam mais perto. Decidiu que não adiantava avançar pelo meio do mato pois não os conseguia despistar e apenas se cansava mais. Voltou então ao trilho usado pelos aldeões. Esperando que tivesse vantagem num terreno melhor avançou sem saber bem para onde se dirigia, querendo apenas seguir na direcção contrária à dos três personagens que o seguiam.
O caminho era sinuoso mas o luar, que se não fosse o perigo que corria o teria enfeitiçado com a sua beleza, iluminava-lhe o caminho permitindo-lhe desviar dos obstáculos que lhe apareciam ao caminho. Avançava a um ritmo em que jamais tinha avançado, ainda assim não se afastava. A noite era já longa e ele estava a fugir há mais de sete horas.
O Sol nascia entre as árvores! Ele cambaleava depois da noite mais cansativa da sua vida. Subitamente ele deixou de sentir a presença dos seres misteriosos que tanto o aterrorizaram! Sentiu que podia descansar em paz pois eles já não o rondavam no entanto duvidava que eles tivessem simplesmente desistido do que não desistiram durante toda a noite. Ele não podia parar. Tinha medo que durante a sua pausa eles voltassem para o surpreender depois de lhe terem dado uma falsa sensação de segurança. Tinha de continuar aproveitando a sua ausência para descolar de uma vez por todas da sua perseguição. Juntando todas as forças que lhe restavam acelerou o passo retomando a sua marcha.
O Sol ia já no seu zénite quando por cima das copas das árvores começou a aparecer o cume de uma montanha. Ele foi-se arrastando até sair da floresta e chegar ao seu sopé onde caiu inconsciente. O cansaço tinha-o finalmente vencido.
De repente ele acordou sobressaltado. Já era de noite e sentia-os de novo. Mais perto do que nunca. Pensou em fugir mas quando se levantou estava já cercado por três pessoas inumanas. Não fosse pelo terror que impunham nas pessoas e os caninos sobre-desenvolvidos até passariam por humanos normais. A reacção foi tal que ele caiu para trás tentando em vão afastar-se em direcção ao declive da montanha mas era impossível de subir e muito menos de costas.
Ali estava ele pronto a morrer sem saber o porquê... Ali estava ele, que apesar de não se considerar cobarde, pelo contrário, tremia de medo frente a estes seres que desconhecia enquanto eles se preparavam para o atacar. Com a encosta a trás de si, um ser à sua esquerda, outro à sua direita e um à sua frente sabia que não tinha hipóteses de sobrevivência...
É aí que o ser que está à sua frente avança para o atacar e ele instintivamente se impulsiona para cima dando um mortal encarpado com meia pirueta caindo nas costas daquele que o ia para matar. Com um movimento de braços parte-lhe o pescoço virando-o do avesso. Com a sua mão esquerda tira a espada do ser que ainda estava embainhada e num instante em que ninguém percebeu o que se estava a passar ele já tinha enfiado a espada no peito do ser que estava à sua direita e saltava para o que estava à sua esquerda, mas nisto o ser salta para o lado desviando-se da estucada que o humano lhe dirigia. Este nem sabia o que estava a fazer, nunca tinha pegado numa espada antes. Reagia apenas por instinto e foi o instinto que o fez rodar a espada para a sua esquerda de baixo para cima bloqueando um golpe que lhe tinha sido dirigido. Agora ele saltava e bloqueava os golpes sucessivos que o ser lhe dirigia, também aqui era o instinto que o guiava. Um instinto que ele desconhecia e que não sabia de onde vinha! O ser dirigia-lhe agora um golpe circular da direita para a esquerda ao qual ele respondeu baixando-se e dando um passo à sua esquerda passando por baixo da espada do seu inimigo e atingindo-o com a sua nas costas. Aproveitando a surpresa deste enfiou-lhe a espada nas costas trespassando-o no peito.
Deixou-se cair e ali ficou horas... Até que, já o dia se preparava para nascer, um velho chegou... Era o velho contador de histórias da aldeia... Observou a cena e perante a surpresa do jovem declarou:
"Diz a lenda que um dia chegará em que "O Escolhido" nos livrará para sempre dos demónios da noite! Esse dia chegou finalmente!"

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Aquilo Que Fui

Aquilo que fui, que sei que fui,
Não voltarei a ser jamais!
Por muito que esta dor me invada,
Que esta revolta se instale,
Não voltarei a viver a felicidade inconsciente
De quando não tinha consciência!
Agora tenho noção do mundo, da sociedade.
E guardo dentro de mim
A vontade de explodir, rebentar.
Mas não posso, sei que não posso...
Ao contrário trabalho em mim a minha tolerância
A minha capacidade de lidar com tanta hipocrisia.
Queria partir. Sair a caminho do infinito
Como um lama que procura a solidão
Em busca da paz interior...
Paz interior... Já não sei o que isso é.
Fecho os olhos e vejo as injustiças cometidas.
Aquilo que foi, que não devia ser,
Mas que é apesar de tudo!
E imagino-me a ser outro, o meu irmão talvez,
Para na inocência dos seus seis anos
Não ter consciência da realidade do mundo!

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Vamos falar de Vampiros

Ainda há quem pense em vampiros como nas lendas... alho, crucifixos, água benta...
Esqueçam! Eles existem, mas não assim...
Os vampiros são aparentemente humanos comuns mas com algumas particularidades. Realmente não gostam de Sol mas conseguem andar durante o dia caso contrário era difícil passarem despercebidos, no entanto são fotosensiveis, ou seja, não se desfazem em cinzas mal são tocados pela luz solar mas se tiverem durante muito tempo expostos ao Sol poderão sofrer queimaduras de difícil cicatrização, até para eles, e que são bastante dolorosas. A sua necessidade de sangue deve-se ao facto de o seu corpo não produzir eritrócitos (glóbulos vermelhos) e como perdem cerca de um litro de sangue por dia necessitam de o repor. Do sangue ingerido o seu organismo absorve dois terços o que eleva a sua dose diária necessária a 1,5 litros de sangue.
As suas vítimas não chegam na maioria das vezes a dar conta de que são mordidas pois para além de uma ligeira fraqueza não sentem qualquer sintoma. Não se transformam em vampiros após a mordedela como as pessoas pensam. Na verdade um vampiro experiente não deixa qualquer marca. A vítima é posta num estado hipnótico antes da mordedela e no final os furos dos dentes são cicatrizados devido às propriedades curativas da saliva dos vampiros deixando pequenas marcas que apenas são vistas em pormenor.
Os vampiros têm capacidades físicas superiores aos comuns mortais mas continuam a precisar de nutrientes que lhes forneçam energia e grande quantidade de proteínas para sustentar o seu poder regenerativo. Precisam de ingerir alimentos... de preferência cozinhados... e bem temperados. Acreditem que apesar de preferirem, talvez, um bife mal passado continuam a comer pratos com alho... sim alho. Eles não são alérgicos a alho como pensam e ao contrário do que pensam os crucifixos não têm qualquer poder sobre eles. Aliás os vampiros existem desde sempre,antes de Cristo ser sonhado, e o mais conhecido , Conde Draculae ou Drácula, que é dado muitas vezes como o primeiro, não é mais do que um vampiro que através do seu extraordinário poder reergueu os vampiros numa altura em que a espécie estava ameaçada. No entanto já as estacas de madeira espetadas no coração... é lógico que os matam. Mas como mata qualquer mortal. É lógico que se o sangue não é bombeado os nutrientes e oxigénio necessários à sobrevivência das células não chega aos tecidos e os órgãos não se conseguem regenerar sendo destruídos e o vampiro morre. E não é a única maneira de um vampiro morrer. Qualquer ferimento grave o suficiente para inibir o funcionamento de um órgão vital pode ser fatal se o regeneramento não for rápido o suficiente.
E se os mortais não se tornam num vampiro depois destes se saciarem como é que estes se tornam "imortais"? É simples... é necessário que o humano beba ele próprio várias vezes do sangue do vampiro. Este processo é normalmente raro e feito de livre vontade.
Por isto tudo se pode concluir que os vampiros não são necessariamente seres diabólicos. Essa fama vem da diferença. Os humanos sempre temeram e temerão tudo o que é diferente e os vampiros não são excessão. A isto se alia alguns casos de vampiros que na idade média eram verdadeiros carniceiros e que estão nos dias de hoje mais controlados por regras próprias feitas para protecção da espécie que, para evitar as perseguições que sofreram em tempos, obriga todos os vampiros a serem discretos e não fazerem vitimas mortais sobe pena de morte.
Perguntam vocês como será possível que eu saiba isto tudo? É fácil...
Eu sou um deles... E apenas divulgo isto mesmo incorrendo no risco da pena de morte porque sei que vós não acreditareis...
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